Quinta-feira, 18 de Janeiro de 2007

Solidariedade????!!!!! Cidadania????!!!!!

Quando esta declaração política foi apresentada na Assembleia Municipal, em Novembro passado, ainda a Roménia não era país da União Europeia, mas o processo estava concluído e apenas se aguardava a data combinada (1 de Janeiro de 2007)...

As reacções a este documento não foram completamente transcritas na acta, pois as "vozes em off" não são transcritas, mas convém dizer que suscitou uma fúria indescritível na bancada da CDU e que o Vereador Carreiras saíu da sala, gritando "...é mentira... é mentira".

O julgamento fica ao vosso critério...

 

O Ginjal foi, nas últimas semanas, assunto de jornal e não pelas melhores razões.

A imprensa nacional e regional e as televisões noticiaram a presença de mais de 50 imigrantes romenos nos armazéns abandonados.

Tratava-se de mostrar ao país que a presença de imigrantes ilegais é indesejável e que é preciso tomar medidas.

Os romenos ilegais incomodavam: deixavam muito lixo atrás de si, mendigavam pelas ruas, burlavam os comerciantes, assediavam os transeuntes …

Mas a Câmara Municipal resolveu o problema, em articulação com a Junta de Freguesia de Cacilhas! Emparedaram os armazéns onde os infelizes imigrantes se alojavam e … o assunto ficou resolvido.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deu-lhes 15 dias para saírem do País e pronto não se pensa mais nisso…

Mas os imigrantes mudaram-se para outros armazéns abandonados, também em Cacilhas e a sua presença passou a ser notada, porque faziam lume dentro dos referidos armazéns e embora mais discretos ainda apareciam pelas ruas.

E é assim que tudo se mantém…

Neste facto, há pelo menos duas vertentes que devem ser analisadas: a questão humanitária e a questão do território.

 

 

 

Numa e noutra a autarquia tem pecados antigos e obrigações actuais. Os pecados antigos têm a ver com o facto de nunca, ao longo dos seus mandatos, a CDU se ter incomodado com o estado de degradação do cais do Ginjal.

Mesmo com insistência do PS na Assembleia de Freguesia e na Assembleia Municipal só há um ano a esta parte se começou a falar em intervir naquele local.

Ora aquela zona já nos anos 80 tinha tido um assomo de intervenção por parte dos proprietários de alguns dos armazéns, mas as negociações ficaram goradas por não haver acordo entre os proprietários e a Câmara. Sei, do que ouvi contar, que as exigências da autarquia eram de tal modo grandes que os proprietários desistiram de construir um hotel de luxo nas antigas instalações da Fábrica de óleo de Fígado de Bacalhau, o qual teria acesso de elevador desde o Cais do Ginjal onde atracariam os barcos com turistas e onde seria construída uma marina.

Mais tarde, nos anos noventa, foi posta a concurso uma reabilitação do Largo de Cacilhas, ganho pelo Arq. Massapina e que trouxe aos habitantes de Cacilhas uma nova esperança de melhoramento daquela zona.

 Mas o concurso ficou na gaveta com argumentos que convenceram a maioria da população, que lhe deu a maioria dos votos.

Agora, após o concurso para a Quinta do Almaraz, volta a falar-se da reabilitação do Ginjal, e com o MST e Almada Nascente, volta a falar-se do Largo de Cacilhas.

 

 

 

 Mas o que é verdade é que continuamos apenas a falar e a ouvir falar… Obras, por enquanto, nada!

E a estratégia de aumentar a taxa do IMI para os prédios abandonados e em degradação, também não colheu a aprovação desta A.M., pelo que os proprietários não sentem a pressão de fazer obras.

Do nosso ponto de vista, são essas as obras que faltam e que trouxeram os infelizes romenos, vítimas talvez de uma rede organizada de mendicidade, para esta zona degradada.

Mas falta agora falar dos aspectos humanitários desta questão:

Os romenos, fazendo fé no que se ouviu na Assembleia de Freguesia extraordinária, da passada semana, não receberam da Autarquia, qualquer ajuda ou manifestação de solidariedade.

Apenas viram a espada da lei a exigir que abandonem o país dentro de 15 dias, (decisão do SEF, chamado pela Autarquia) e viram também os armazéns emparedados, por ordem da mesma.

É assim que está a funcionar a Rede Social em Almada?

Que medidas de carácter social tomou a Autarquia para acorrer a estas vítimas da miséria do seu país?

Esquecemos, porventura, que se trata de cidadãos que, no dia 1 de Janeiro próximo, estarão connosco na União Europeia e que a solidariedade que tivemos aquando da nossa adesão deverá reflectir-se agora, nos que vão juntar-se a nós?…

 

 

 

Tanto quanto pude ouvir, apenas a Paróquia de Cacilhas teve a preocupação de lhes fornecer algum alimento e algumas roupas que o grupo Sócio-caritativo conseguiu recolher.

Ora é da sabedoria das Nações que a caridade só é precisa quando não há justiça.

E, desta vez foi a caridade que funcionou e não a solidariedade de quem tanto gasta em publicidade na televisão e não tem um Centro de Acolhimento para estes e outros desvalidos do nosso concelho.

 

Almada, 20 de Novembro de 2006

 

publicado por motssa às 18:09
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