PAULO PEDROSO
<input ... >Hoje
Almada, Setúbal, 09 Ago (Lusa) - O candidato do Partido Socialista à Câmara de Almada, Paulo Pedroso, acusou hoje a gestão comunista da CDU, há trinta anos no poder, de "não ter política social".
A falar sobre a sua proposta de política de habitação social aos moradores do Bairro do Segundo Torrão, na freguesia da Trafaria, Paulo Pedroso argumentou que "não se pode dizer que se vive bem em Almada enquanto houver pessoas a viver em condições infra-humanas".
De acordo com a associação de moradores deste bairro de génese ilegal - que conta mais de três décadas e é casa de mais de 300 famílias -, aqui "não há sistema de esgotos, a água é roubada do chafariz mais perto de cada casa, e a electricidade falha inúmeras vezes durante o Inverno".
Tem cabido a António Matos defender o indefensável em relação ao trânsito de Almada, dado que a actual Presidente da Câmara tem tentado - e conseguido - não dizer nada sobre o assunto nem ser interrogada acerca dele. mas tem-no feito desastradamente, antes aumentando a tensão entre os comerciantes e o município. Agora, junta ao rol de frases infelizes e incendiárias a notável afirmação de que o problema acontece, diz ele, numa "pequena àrea de Almada" e a acusação de "pirotecnia mediática" aos comerciantes.
António Matos, em nome da CDU, ao reduzir os problemas do centro urbano de Almada a uma contagem dos metros quadrados que ocupa demonstra que não percebe a função de um centro urbano. Por definição, não deve ser muito extenso. Igualmente por definição deve ser plurifuncional, acessível e dinâmico. Ora, o que a falta de sensibilidade da Câmara fez foi torná-lo dificilmente acessível, ao cortá-lo ao meio, amputando a maior avenida da possibilidade de ligar nascente e poente da cidade. O que a ausência de uma programação de animação coerente emínima fez foi não lhe dar dinamismo de nenhum tipo, potenciando a desertificação. A falta de visão estratégica fez ainda com que não fossem isntalados no centro quaisquer novos espaços-âncora, como o seria a Loja do Cidadão, que atraíssem as pessoas, a diferentes horas do dia. Tudo isso junto, os erros e omissões da Câmara ameaçam a plurifuncionalidade do centro urbano de Almada, como os comerciantes perceberam.
Eles são apenas o grupo que actualmente se manifesta mais ruidosamente. Eles sobrevalorizam até, no seu discurso, apenas um factor, aquele que imediatamente percebem como seu adversário, no caso as restrições absurdas e irracionais ao trânsito automóvel. Mas há muitos outros, da falta de paragem de táxis e erros na sua localização à gestão do estacionamento; da ausência de uma carreira urbana coerente aos erros de desenho do percurso do Metro e das suas paragens; de não se ter pensado melhor a localização de equipamentos colectivos à falta de programação cultural adequada e acontecendo ao longo dos doze meses.
A CDU pensa - como já o deixou claro em comunicado - que dar vida ao centro de Almada é patrocinar uma vez por ano as iluminações de Natal, subsidiar uma tômbola electrónica e um desfile de moda. Agora, pensa que oferecer estacionamento gratuito de 1 a 15 de Agosto, quando as pessoas estão de férias, é uma medida capaz de silenciar os protestos. Levou tão longe os seus exercícios de propaganda que já os confunde com realidade. Ter política para o centro da cidade é muito mais do que isso. Os comerciantes sentem-no e os cidadãos sabem-no. Só o bombeiro incendiário da CMA e quem ele representa não o percebe.
Perante a gravidade do que está a ocorrer, que António Matos venha agora acusar os cidadãos de seguirem um ou outro partido que não o dele, resulta da sua própria cegueira face aos problemas. Já todos viram que o centro tem que mudar, não há pressões ilegítimas da CDU sobre pessoas ou dirigentes associativos que o calem. Mas, que diga que agora os especialistas estão a estudar o assunto, quer dizer apenas que está a tentar comprar tempo para minimizar danos até que passem as eleições. Por isso, repito, não há boa explicação para que a CDU deixe agonizar o centro de Almada e agudizar o conflito com os comerciantes. Se não os ouvir antes das eleições, nós resolveremos o problema depois , porque Almada precisa de nova política para o centro da cidade e a CDU já não é sequer capaz de perceber o conceito subjacente a tal política.
A tentativa incendiária de dividir os comerciantes, de dividir os interesses do centro da cidade do resto do concelho e de adiar decisões que podem ser tomadas já, apenas tornam claro que a CDU não tem energia para resolver o problema. O uso de um vereador para esconder a responsabilidade pessoal de Maria Emília de Sousa nas decisões tomadas e na sua não revogação são apenas pequenos truques que não enganam um eleitorado democrático e maturo como o de Almada.
Por isso renovo o desafio à CDU para que tome enquanto ainda está no poder as medidas que podem ser tomadas já, como a revogação do Plano Mobilidade XXI e não se escude em estudos técnicos que agora não são necessários. Basta andar pelo centro da cidade para perceber o problema. Não é quem protesta que está contra a CDU, é a CDU que passou a estar contra o centro da cidade.